Fatores preditores de fistulização após laringectomia: revisão de 10 anos

Autores

  • Pedro Marques Gomes Unidade Local de Saúde de Matosinhos – Hospital Pedro Hispano, Portugal
  • Diogo Cunha Cabral Unidade Local de Saúde de Matosinhos – Hospital Pedro Hispano, Portugal
  • Nuno Oliveira Unidade Local de Saúde de Matosinhos – Hospital Pedro Hispano, Portugal
  • Delfim Duarte Unidade Local de Saúde de Matosinhos – Hospital Pedro Hispano, Portugal
  • Paula Azevedo Unidade Local de Saúde de Matosinhos – Hospital Pedro Hispano, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.34631/sporl.3084

Palavras-chave:

Carcinoma da laringe, Laringectomia total, Fistula faringocutânea, Complicações pós-operatórias, Fatores preditores

Resumo

Introdução: A laringectomia (LT) é um procedimento cirúrgico utilizado no tratamento do carcinoma avançado da laringe. Apesar de eficaz, está associada a diversas complicações pós-operatórias, sendo a fístula faringocutânea (FFC) uma das mais relevantes. A incidência desta complicação varia entre 8,7% e 27%, dependendo de fatores como técnicas cirúrgicas e características dos pacientes. O desenvolvimento de FFC pode prolongar o internamento hospitalar, aumentar os custos de tratamento e comprometer a recuperação do doente.

Objetivos: O estudo teve como objetivo identificar os fatores preditores associados ao desenvolvimento de FFC emdoentes submetidos a LT, contribuindo para a implementação de estratégias preventivas e terapêuticas mais eficazes.

Material e Métodos: Foi realizado um estudo retrospetivo e analítico, baseado nos dados de doentes submetidos a LT entre 2013 e 2023 num único hospital. Foram analisados fatores pré, peri e pós-operatórios, incluindo idade, tabagismo, consumo de álcool, estado nutricional, técnica cirúrgica e parâmetros laboratoriais pós-operatórios. A análise estatística incluiu testes univariados e regressão logística binária para determinar fatores de risco independentes.

Resultados: A amostra incluiu 66 doentes, com idade média de 62,14 anos. A incidência de FFC foi significativamente associada ao envolvimento tumoral da faringe (OR = 23,1; p = 0,010). Na análise univariada, níveis reduzidos de albuminemia (p = 0,012), proteinemia total (p = 0,045) e hemoglobinemia (p = 0,023) também apresentaram associação com FFC, mas não se mantiveram significativos na regressão logística. Outros fatores, como tabagismo, alcoolismo, antecedentes de tratamento oncológico e técnica de encerramento, não demonstraram relevância estatística.

Conclusões: O envolvimento tumoral da faringe foi identificado como o principal fator de risco independente para o desenvolvimento de FFC após LT. Fatores nutricionais e hematológicos demonstraram associação na análise univariada, mas o seu impacto parece secundário. A otimização pré-operatória do estado nutricional e a escolha da técnica cirúrgica mais adequada podem reduzir complicações e melhorar os desfechos clínicos dos doentes.

 

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Publicado

13-09-2025

Como Citar

Gomes, P. M., Cabral, D. C., Oliveira, N., Duarte, D., & Azevedo, P. (2025). Fatores preditores de fistulização após laringectomia: revisão de 10 anos. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia-Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 63(3), 271–278. https://doi.org/10.34631/sporl.3084

Edição

Secção

Artigo Original